sábado, 19 de fevereiro de 2011

os mentirosos e os complacentes

Entrevista de António Barreto ao Correio da Manhã de hoje. O sociólogo, actualmente numa Fundação do grupo Jerónimo Martins que basicamente distribui mercearia, diz coisas claras sobre a política e os políticos em Portugal. Pode dizê-lo agora, sem papas na língua que dantes parecia ter,  porque o presidente do grupo, Alexandre Soares dos Santos também o disse ontem ao centrar o seu discurso que a tv passou, na mentira permanente dos que governam ("não vale a pena continuar a mentir. Não se pode pedir sacrifícios às pessoas sem lhes dizer a verdade."). 
O grupo Jerónimo Martins que detém o Pingo Doce,  teve lucros importantes no último ano e o essencial dos seus negócios lucrativos passa agora pelos estabelecimentos que tem na Polónia. Soares dos Santos refere que nesse país, ainda comunista na década de oitenta do século que passou, " a iniciativa privada é mais bem recebida do que em Portugal". 
Pudera! Os polacos souberam e sofreram na pele o que significa o comunismo real, não o que o PCP apregoa e propagandeia há decadas com a complacência geral dos portugueses.
Por isso mesmo, o sociólogo António Barreto, de peito feito, pode agora falar assim:


C.M.- A Oposição conhece a situação em que Portugal está realmente, os números verdadeiros? Os portugueses sabem?
A. Barreto- Agora sabemos. Depois de seis anos de mentira, sabemos. Agora, sabe-se mesmo. Os preços a subir 10, 15, 20, 30%, os vencimentos a descer 2, 3, 5, 10, 15%. A opinião pública foi severamente enganada. Fomos enganados durante seis anos. Foi-nos anunciado que havia dinheiro para o aeroporto, para o TGV, para as obras públicas, para novos empregos, empresas, para fomentar a exportação. Até havia dinheiro para pagar os bebés...

- Era ano de eleições...
- Lamento. Eu sei isso, mas não me conformo. É pena que seja assim, a mentira é a moeda política corrente em Portugal. A unidade de conta política em Portugal é o engano e a mentira e a ocultação. Eu tenho pena disso, como tenho pena de que haja corrupção e favoritismo em permanência na vida política portuguesa.
- O que se pode fazer?
- Aflige-me que não haja uma resposta, um protesto mais organizado, que não haja um ou dois partidos políticos novos, que viriam refrescar o panorama. Os partidos que temos hoje no Parlamento não estão à altura da crise, não estão à altura sequer de poder negociar entre eles, estão demasiado crispados, demasiado envolvidos e cúmplices.

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