sábado, 26 de fevereiro de 2011

A bocagem

Bocajona, termo que não vem no dicionário, era termo  que ouvia  em pequeno para designar os que diziam enormidades. Portanto, é apenas em tom depreciativo de uma opinião que escrevo o epíteto. Se escrevesse palerma seria quase o mesmo, embora com maior vigor pejorativo.

O termo aplica-se a  Ana Gomes, em entrevista ao i de hoje. O jornal achou por bem chamar à primeira página um título garrafal tirado dessa entrevista: "Não percebo como foi possível condenar o Carlos Cruz. Eu li o processo." 

A bocajona leu o processo, portanto. Quando,  não o diz. Se tem competência para ler um processo e percebê-lo também ficamos sem saber, embora com fortes suspeitas que não sabe ler. O processo tem dezenas de milhar de páginas, cuja leitura consumiria a esta leitora de processos mais tempo do que dispõe para trabalhar durante anos a fio. Portanto, a conclusão lógica é que além de bocajona é intrujona.
Provavelmente leu excertos que lhe interessavam, na altura da instrução, em que o seu correligionário Paulo P. foi despronunciado e salvificamente apartado dos demais arguidos, por uma decisão de Relação com um voto de vencido.
A bocajona não foi ao julgamento do caso, não ouviu as vítimas e nem sequer sabe muito bem o que sucedeu porque diz não perceber, o que aconteceu " na altura em que a direcção de Ferro Rodrigues, a que pertencia, se viu envolvida no processo Casa Pia." 

Mas sabe dizer que isso foi uma cabala. E até cita sem nomear os autores: "alguém, dentro do PS que tivesse interesse em derrubar Ferro Rodrigues.Não foi por acaso que foi Paulo P. a ser envolvido nesse caso. Era a pessoa que estava a tomar medidas de saneamento. Inclusivamente de funcionários do partido que não existiam e recebiam dinheiro." A acusação é grave mas vai cair em saco- roto.
Para a bocajona todo o processo é uma cabala para arranjar bodes expiatórios a fim de entalar a então direcção do PS de que ela fazia parte ( e poderia ter sido ministra...) e como prova da cabala apresenta o relatório do SIS elaborado pelo então director Rui Pereira. O qual já disse publicamente e por várias vezes que não acredita em cabala alguma, contrariando frontalmente a bocajona que continua a dar-lhe e a burra a fugir...
Em cereja no topo do bolo desta entrevista infame está o descrédito e a lama que lança sobre Catalina Pestana: "Essa mulher, para mim, não tem qualquer credibilidade. Foi directora de um colégio da Casa Pia e nunca viu nada e de repente viu tudo."   E portanto, é assim: quem leu o processo, como ela leu e do modo como terá lido, sabe tudo e merece a credibilidade da fé. Quem conhece os meandros do caso, por dentro e por ter falado com as vítimas, nada sabe.

Para recentrar o que pensa e diz esta bocajona, mais vale repescar o que já foi escrito há quatro anos, aqui na Grande Loja e portanto antes do julgamento que entretanto decorreu e no qual, segundo a bocajona, foram enganados dezenas de profissionais do foro que investigaram, apuraram, julgaram e condenaram.

Na Única do Expresso, Ana Gomes, a sulfurosa activista do PS que incendeia plateias e públicos leitores com declarações extraordinárias, mostrando um lado, sem paralelo conhecido, dos políticos nacionais, dá entrevista e diz coisas ainda mais extraordinárias que as que se conheciam até agora. Esta mulher, é um poço de espantos! Digna companheira de blog dessoutro furo artesiano de ideias jacobinófilas que lidera o apoio ao governo actual, na bancada dos tiffosi sem partido, Ana Gomes, diz com toda a candura: “Todos os meus homens têm de ser heróis”! E continua, a intrépida entrevistada, contando histórias cândidas da adolescência dos namoros( o primeiro namoro foi Nuno Crato, mas também catrapiscou e “pôs a mexer”, outro “ tão bonzinho, tão bonito” só porque não aceitou emparceirar com a rebelde, nas manifs do MRPP) e explicando como descobriu o fantástico MRPP: “ Quando cheguei à faculdade de Direito, andei um mês no “shopping around”, a ver quem eram os gajos ( sic) mais radicais para me juntar. O que me despertou interesse no MRPP foi o humor ( ahahahah!,- não resisto). Avisaram-me que era duro e passados dois meses fui recrutada para os comités de luta anticolonial. Fiz o meu baptismo de rua, à noite a fazer pichagens na zona das Portas do Sol, Cada vez que lá passo ainda vejo a minha marca naquela parede. Foi uma prova de fogo ( ahahahahh!- é irresistível também). A partir daí, estava apta para ir às manifs.
A pessoa que assim se pronuncia, sobre a sua prova de fogo de manifestante pelo regime marxista-leninista-maoista, actualmente no PS mais ortodoxo, social democrata e capitalista, continua depois a explicar a sua particular teoria sobre o que se passou no caso Casa Pia, que envolveu pessoas do PS e por que é que não perdoa a Durão Barroso, a sua não ingerência no caso da Casa Pia. Escutemo-la em voz off:
“ [Durão Barroso, a propósito do caso Casa Pia] portou-se miseravelmente. Não foi um democrata. Acredito que tudo isto foi feito para descredibilizar a Justiça e para desviar as atenções dos verdadeiros responsáveis. Houve um objectivo claro de atacar politicamente aquela direcção do PS. Quando me refiro a Barroso, não estou a dizer, de maneira nenhuma, que esteve implicado nessa urdidura. Apenas não fez nada para a desmontar. Como chefe de um partido democrático devia ter percebido que o que estava em causa era um ataque antidemocrático a outro partido. “ (…)
A minha convicção é de que [a urdidura] partiu de certos sectores da direita ligados a interesses diversos. E não posso excluir que esses interesses também estivessem no PS. Ferro e Pedroso foram transformados em alvos.”
Á pergunta inevitável sobre o porquê, Ana Gomes, especula: “ Talvez porque estivessem muito empenhados em limpar o esquema de financiamento dos partidos. Queriam torná-los muito menos vulneráveis à corrupção”
Pronto! É esta a essência do pensamento da eurodeputada do PS, activista de blogs e antiga militante do MRPP, sobre o caso: houve uma cabala de alguém “ligado à direita”, que pretendeu atingir particularmente os dirigentes do PS, Ferro Rodrigues e Paulo Pedroso que se tornaram os alvos da cabala, com uma motivação à vista dela, a de sapar os esforços denodados destes democratas impolutos para acabar com o esquema de financiamento ilegal dos partidos! Isto, em 2003. Ferro e Pedroso estiveram no governo PS, desde 1995, mas só em 2003 tentaram acabar com o polvo da corrupção...e com isso e por causa disso, foram envolvidos no escândalo ignóbil, sustentado por uns tantos putos sem credibilidade, marionetas de interesses ocultos e ainda por descobrir, mas plenamente conotados pela entrevistada, com pessoas "de direita" e alguns interesses até no PS.
Ana Gomes, não deve escutar o que diz Rui Pereira do mesmo PS, responsável pela área de reformas penais que se seguiram ao escândalo da cabala e que desembocaram em apertadas garantias que protegem cada vez mais os criminosos em detrimento das vítimas em geral. Se escutasse, deveria saber que Rui Pereira que então dirigia o SIS, já declarou publicamente que não acredita em cabalas, ou seja, em urdiduras.

Porém, a questão aqui, neste caso concreto não se trata apenas de analisar o percurso pessoal e político da fantástica Ana Gomes que já defendeu mirabolâncias e continua a surpreender, ainda mais do que o ilhéu Jardim.
Ana Gomes, em cada escrito e em cada entrevista, revela-se na sua extrema candura e também na sua perfeita miopia derivada daquilo que a mesma confessa na entrevista: “as minhas escolhas, regra geral, são puramente emotivas”. A sua história sobre o modo como se tornou militante do PS, com a intervenção de Durão Barroso, vale, só por si, a entrevista. Ana Gomes, para quem não saiba, é diplomata de profissão! Perdoe-se, mas contextualize-se por isso mesmo, as enormidades e as deficiências de análise.Ah! E acrescente-se em modo de epílogo que Ana Gomes, acha que o pior que lhe pode suceder é “ficar em casa a ganhar a porcaria do salário que lá tenho que não chega a dois mil euros, e não me darem nada para fazer”! Esta declaração, só por si, não vale a entrevista, mas vale um descrédito geral, para quem ganha o que ganha, no nosso país.



12 comentários:

  1. Meu caro
    estava preocupado consigo.
    que alívio.
    recuperei o blogue no Portugal Profundo.
    FORÇA

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  2. «a conclusão lógica é que além de bocajona é intrujona»

    eheheh

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  3. A bocajona, nudista entre panascas nas horas livres, no Meco chegou onde chegou a colocar Portugal onde está:na falência.Mas ela com cerca de 20000 eurozinhos por mês...

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  4. Hehe... os "gajos" deviam ser às resmas. Heróis de suíças e calças à boca de sino. E cheios de humor também. Andamos há 40 anos fartinhos de nos rir. -- JRF

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  5. Esta Ana Gomes, até pelas parecenças fisicas, é a Júlia Pinheiro da política:
    berra que nem uma peixeira, é parola até dizer basta e diz as maiores brejeirices que lhe vêm à cabeça.

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  6. SABE QUE O SÓCRATES ESTÁ ACABADO E FAZ ESTE PALAVRÓRIO A PEDIDO PORQUE AINDA SONHA QUE O SEU HERÓI PAULO P. PODE VIR A SER PRIMEIRO MINISTRO E ELA CONTINUAR A FUGIR À MALDIÇÃO DOS 2000 DAS NECESSEDADES.

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  7. Um desastre, uma tragédia ... pobre Portugal. Até tenho alguma pena do Ali-Alatas: Deus o tenha se ele o mereceu.

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  8. O problema desta BOCAjona... a culpa é toda, todinha (aposto)... do marido dela.
    ...é capaz de não fazer as suas "obrigações"... daí que...!
    (Que)...
    Então... tem que extravasar o orgasmo!!!

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  9. Nem topam a noção das coisas ridículas que dizem..." Uma porcaria de 2000 euros ""
    ..O que dirão então os milhares de Portugueses de 3ª classe que nem 500 por vezes tiram.
    Por isso estamos como estamos!
    Nuno

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  10. Mas esta criatura de faca na liga (e pertence ou pertenceu, este espécime ao corpo diplomático! Que horror! - mas pensando bem tal não admira, ela foi militante do mrpp e todos eles estão protegidos - e/ou dele fazem parte - por este asqueroso regime) alguma vez conhece ou conheceu Carlos Cruz portas adentro ou o seu, dele, 'percurso pessoal' (que não o profissional, conhecido de toda a gente...) ou sequer a personalidade dele "a fundo" para afirmar semelhante enormidade? Se ela é amiga pessoal do Ferro Rodrigues e do Paulo Pedroso, não admira que assim se pronuncie. Se calhar conheceu-o (e só) na praia do Meco... Não chega. É mais uma parvalhona que só diz parvoíces, quando não mega mentiras políticas e outras..., totalmente desconchavadas.

    Se ela se calasse muito caladinha, quanto mais não fosse para evitar que se pense que fazia parte do mesmo indigno grupo cujos integrantes ela defende tão àrduamente, é que fazia boa figura. Caso contrário a sua honestidade(?) política(?) e pessoal sai cada vez mais abalada tendo em conta as desconfianças que provocam nos demais as suas amizades políticas e a estrénua e permanente defesa que faz delas. Amizades políticas e não só.
    Maria

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