quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Um farsante e nem tanto

Francisco Louçã, em entrevista ao i de hoje é muito claro nos seus princípios políticos: "Nós somos uma esquerda contra a direita e nunca deixaremos de o ser." (...) " Para haver uma governabilidade à esquerda é preciso quebrar o bloco central. É preciso uma força de esquerda suficientemente concreta e representativa, que possa projectar o governo para o salário e o emprego".
Está-se mesmo a ver: um BE aliado a um PS tipo Pedroso ou Ferro Rodrigues ou mesmo o poeta Alegre.  E a sociedade portuguesa a deixar...campear este lirismo de Louçã, capaz de nos afundar ainda em maior miséria do que aquela que temos.

 Este indivíduo continua com as mesmas ideias de Combate, não há dúvida. De comunista bruguês. Esquerdista radical como não temos exemplo por essa Europa fora a não ser em grupos marginais sem peso político significativo. 
 É pena que  não concretize as ideias de Combate peregrino, para toda a gente ficar a perceber qual o seu verdadeiro conceito de esquerda e o relegue para a cave das tralhas marxista-leninista-trotskistas de mofo assegurado.
É pena que não diga em concreto o que faria aos bancos de Ricardo Espírito Santo e Santos Ferreira e o que faria em concreto aos "mercados".  Se dissesse estava liquidade em dois tempos. Assim vai enganando, enganando, intrujando e mentindo por omissão. E ganhando votos que cada vez mais precisa para o tal projecto de "esquerda". Ao contrário do PCP que não engana ninguém, Louçã é melífluo nas propostas políticas de miséria assegurada e garantida por longos anos.

Na entrevista, porém, diz algo de relevante sobre o BPN, um dos seus cavalos de batalha porque o caso concentra em si tudo o que o BE abomina: o capitalismo puro e duro e uma iniciativa privada selvagem e de devoristas. E neste último caso, tem razão, o Louçã. Diz assim:

"[Cavaco Silva] criou durante dez anos uma pequena nova eliteeconómico-financeira, que depois tomou conta do BPN e se exprimiu de outras formas, a quem ele deu todo o poder e todo o apoio. Esta elite financeira desagregou uma parte da economia do país, roubando-a, assaltando  o país, e isto é de uma enorme gravidade. "

Hoje no Económico há quem explique o fenómeno de modo semelhante:

"Uma coisa é, portanto, o Dr. Oliveira Costa, e outra coisa é o arguido Oliveira Costa". É com esta frase que o advogado de um dos ex-arguidos do caso BPN salienta que, à altura dos factos, ninguém duvidava do ex-banqueiro. "É preciso situar a presente acusação, que não obstante faça referência aos anos das operações financeiras, a verdade é que perpassa a imagem do arguido Oliveira e Costa que uma larga maioria da opinião pública TEM ACTUALMENTE, em virtude deste processo e de toda a investigação que o rodeou, mas que, NINGUÉM TINHA (...), à data dos factos", acrescenta."

Este é um dos problemas portugueses mais relevantes: como sair desta pinderiquice da ladroagem de campanário e que no contexto geral do país conta mais para o PIB que muitas das maiores empresas nacionais? Até quando o povo que vota vai aguentar este assalto legalizado e patrocinado pelos mais lídimos representantes do poder político eleito?

Esta contradição algum dia se há-de resolver e só espero que não seja como na Líbia.

1 comentário:

  1. Acho que a IU em Espanha se equipara ao BE. Mas já quase nada surpreende! O Rei Juan Carlos abraça aquela múmia assassina que é o Carrilho como se fosse uma relíquia da democracia.

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